Pietra Teixeira do Nascimento Reis, de nove anos de idade, faleceu na madrugada de sexta feira (6) após ser picada por um escorpião em sua residência, na chácara São Matheus, próximo a Facchini.
A menina foi picada na madrugada de quinta feira, e chamou pela avó as 4h30m avisando que tinha sido picada em um dos, familiares foram até o quarto e encontraram um escorpião debaixo do travesseiro da neta. Pietra começou a ter vômitos e foi levada ao Pronto Socorro Municipal, dando entrada às 05h00m.
Familiares foram informados que no local não havia soro antiescorpiônico e então foi solicitada transferência para Três Lagoas, mas às 07h40m, o pai da criança, Patrick do Nascimento Reis, decidiu buscar socorro em Santa Fé do Sul.
Como foram os primeiros atendimentos a paciente
A enfermeira, responsável técnica da UPA-24 horas de Santa Fé do Sul, Eva Cecilia Samartino acompanhou a equipe médica da unidade desde a entrada da paciente de 9 anos e relatou todos os procedimentos realizados pela unidade de emergência.
Segundo a enfermeira, foi apurado junto aos familiares que acompanhava a criança, foi informado que ela foi picada por um escorpião enquanto dormia, por volta das quatro horas da manhã. O animal peçonhento estaria debaixo do travesseiro e atingiu um dos dedos da mão esquerda da menina.
Eva conta que os familiares procuraram os primeiros socorros na cidade de Aparecida do Taboado, na zona rural, onde residia a criança. Segundo informações no período que ela permaneceu naquela cidade não fora ministrado o soro antiescorpiônico.
Diante de um quadro moderado de gravidade clínica da paciente que chegou às 8h05m na UPA de Santa Fé do Sul, apresentava visão turva, vômitos, pele fria, pegajosa, taquicardia (aumento da frequência cardíaca acima dos 100 batimentos por minuto) taquipneia (respiração acelerada” é caracterizada por uma frequência respiratória superior ao normal), foi avaliada pela equipe médica, foi iniciada ministração de corticoide e imediatamente aplicadas ampolas de soro antiescorpiônico.
Quarenta minutos após aplicação do soro, Pietra apresentou melhora sensível, mas por volta do meio dia voltou a aumentar a frequência cardíaca e apresentar dores no peito e, em seguida, às 13h05 foi transferida para Santa Casa, quando o efeito do veneno evoluiu para um quadro clínico mais grave quando foi ministrado mais três ampolas do soro.
O atendimento na Santa Casa de Santa Fé do Sul
O diretor clinico da Santa Casa Daniel Delegá veio a público reiterar os sentimentos de pesares aos familiares de Pietra e que todos os esforços foram dedicados pela equipe de profissionais que trabalharam incessantemente desde das 13h00h até as 3h55m de sexta feira quando veio o registro do óbito. A paciente foi monitorada o tempo todo por uma equipe constituída por um pediatra, cardiologista e cirurgia.
Após dar entrada na Santa Casa, no setor de emergência, foi solicitada um encaminhamento para uma UTI Pediatra e por volta das 15h00, evoluiu para um quadro de taquicardia e foi monitorada por um pediatra e um cardiologista e apresentou evolução do quadro de dispneia e febre com diminuição de saturação, e foi necessário a intubação orotraqueal (procedimento de suporte avançado de vida onde o médico, com um laringoscópio, visualiza a laringe e através dela introduz um tubo na traqueia) para melhorar as condições de oxigenação.
Segundo o diretor clínico do hospital, em seguida a paciente teve duas paradas cardiorrespiratória, entre as 19h00m e 22h00m sendo reanimada pela equipe médica várias vezes.
Enquanto ela era reanimada no setor de emergência, uma UTI – Movel já estava pronta para realizar a transferência para outro centro médico, mas as condições hemodinâmicas da paciente era instável e não oferecia condições de transportá-la e a paciente foi internada na UTI da Santa Casa, porém Pietra teve mais seis paradas respiratórias e as 3h55m a última parada que foi fatal.
O doutor Daniel lembrou que toda a estrutura do setor de emergência está equipada com todos os recursos de uma UTI – Unidade de Tratamento Intensivo e por tanto não faltou condições técnicas e profissionais para que fosse revertido o quadro grave que a criança apresentava.
O diretor clínico da Santa Casa encerrou a entrevista coletiva reiterando que em Santa Fé do Sul todos os procedimentos médicos, ministração de medicamentos com acompanhamento de especialistas foram realizadas e infelizmente consumou-se o óbito da criança.
Soro antiescorpiônico
“O Soro antiescorpiônico é uma solução injetável de imunoglobulinas específicas, purificadas e concentradas, obtidas de soros de eqüinos hiperimunizados com venenos de escorpiões do gênero Tityus.”
O soro antiescorpiônico, produzido no Instituto Butantan, é indicado no tratamento do envenenamento causado por picada de escorpião. Ao se acidentar, não passe nada no local da picada, nem aperte ou faça torniquete e procure ajuda médica imediatamente.
Acidentes com escorpião: o atendimento precoce é essencial
No período do ano de intenso calor e maior incidência de chuvas, o risco de encontrar um animal peçonhento dentro de casa aumenta consideravelmente. Isso se deve, a princípio, ao fato desses animais saírem do seu habitat natural por causas adversas às suas capacidades de adaptação – à procura de alimentos e em busca de esconderijos.
Recomenda-se que, em caso de suspeita da picada, é importante que a pessoa seja levada imediatamente para o primeiro serviço médico nas proximidades da ocorrência para receber o primeiro atendimento.
De acordo com especialistas, se a pessoa apresentar náuseas, vômitos, salivação intensa, palpitações, formigamento e muita dor no local da picada, irradiando-se pelo corpo, pode ser necessária a aplicação do soro antiescorpiônico. O soro antiescorpiônico é uma solução de imunoglobulinas específicas purificadas e concentradas. Cabe ressaltar que, não é frequente a necessidade de utilização do soro, já que a grande maioria das ocorrências é definida como leve.
Atenção especial deve ser dada às crianças devido ao baixo peso corporal – em especial as menores de 3 anos de idade. Nestes casos, a distribuição do veneno do escorpião pelo corpo é bem mais rápida justificando a necessidade de se conduzi-los de forma diferenciada.