22/07/2021 11h55 - Atualizado em 22/07/2021 11h55

Busca ativa de estudantes é prioridade para redes municipais de educação em 2021

Pesquisa ouviu 3.355 redes, que representam 60,2% do total de municípios do País; juntas respondem por mais de 13 milhões de estudantes da educação

Estudo da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Itaú Social e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), realizado entre os meses de junho e julho de 2021, mostra os avanços e desafios das redes municipais de ensino para a garantia da aprendizagem durante a pandemia da Covid-19. A pesquisa buscou entender como foi a transição dos anos letivos 2020-2021 e quais foram as estratégias de ensino adotadas ao longo de 2021. O levantamento aborda como está sendo planejado o segundo semestre e quais os principais desafios das Secretarias Municipais de Educação neste momento.

A pesquisa mostra que o apoio para diretores escolares e a busca ativa de estudantes têm sido as principais ações realizadas pelas redes municipais de educação na oferta do ensino durante a pandemia.

Cerca de 60% dos respondentes consideram a busca ativa de estudantes em abandono ou risco de abandono escolar uma das prioridades das redes municipais de educação. Para 71,8%, a procura pelos alunos e alunas que não têm acompanhado as atividades educacionais desde o início da pandemia tem sido realizada pela plataforma Busca Ativa Escolar. A estratégia desenvolvida pelo UNICEF e pela Undime, com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), tem o objetivo de apoiar os governos na identificação de crianças e adolescentes fora da escola, rematriculá-los e acompanhá-los para garantir a permanência do vínculo escolar.

Por meio da Busca Ativa Escolar, municípios e estados podem ter acesso a dados que possibilitam planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a inclusão escolar e que promovam seus direitos de forma integral. É fundamental priorizar ações de busca ativa e ir atrás de cada menina, cada menino que não se manteve aprendendo na pandemia, ou já estava excluído antes dela, destacam especialistas.

Apoio a professores e gestores

Outras iniciativas também utilizadas foram a realização de avaliações diagnósticas, formações para professores e orientações quanto ao relacionamento com as famílias. A pesquisa buscou entender como foi a transição dos anos letivos 2020-2021 e quais foram as estratégias de ensino adotadas ao longo de 2021.

De acordo com Patrícia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, o número de estratégias utilizadas pelas Secretarias de Educação dos municípios leva em consideração os mais diversos contextos e demandas das redes. Para Patrícia, é um ponto positivo a constatação de que a oferta de apoio aos diretores escolares aparece como prioridade nesse momento para as redes. "Para recuperarmos as perdas acumuladas neste período de pandemia e seguirmos de forma consistente nos próximos anos, é fundamental que as secretarias se concentrem cada vez mais em apoiar quem está à frente do trabalho da equipe escolar: o diretor. A qualidade da liderança escolar - e do apoio dado a ela - fará toda a diferença na retomada. Os gestores escolares precisam de recursos e apoio técnico para que consigam realizar um diagnóstico e planejamento adequados; acolher equipes, famílias e estudantes; assim como oferecer o devido acompanhamento aos professores nas atividades cotidianas de ensino e aprendizagem, que serão muito desafiadoras. Para que o País consiga construir uma estratégia nacional, com uma visão de longo prazo, é necessária uma articulação entre governos municipais, estaduais e federal que de fato se volte ao que as equipes escolares e estudantes precisam".

Principais desafios

Todas as redes municipais de educação informaram que o ano letivo de 2020 já foi concluído e o de 2021 iniciado. Além disso, 55,9% declararam que não estão seguindo o calendário da rede estadual de educação de 2021.

A conectividade de estudantes e professores e a infraestrutura das escolas continuam sendo consideradas as maiores dificuldades enfrentadas pelas redes durante a pandemia. Isso fica constatado pelo uso de materiais impressos e orientações por WhatsApp, para 98,2% e 97,5%, respectivamente. Porém, é possível notar a expansão de outras ferramentas de ensino: 70% disseram utilizar aulas gravadas e aplicativos de educação para os estudantes. Na pesquisa anterior, realizada entre os meses de janeiro e fevereiro de 2021, esse índice chegava a 61%.

Das 3.355 respondentes, 84% iniciaram o ano letivo de 2021 com atividades totalmente não presenciais; 15,1% com educação híbrida e apenas 1,1% declarou estar com aulas presenciais. Pouco mais da metade das redes (57%) concluiu seus protocolos sanitários para a prevenção da Covid-19.

Quanto à imunização dos profissionais da educação, o processo já começou em 95,1% das redes municipais entrevistadas. A inserção de profissionais da educação no Plano Nacional de Imunização foi uma reivindicação da Undime, que solicitou formalmente ao Ministério da Educação que fosse articulada com o Ministério da Saúde a garantia da vacinação de todos os profissionais da comunidade escolar, incluindo os trabalhadores da educação, no grupo prioritário.

Segundo a Unicef, além da vacinação, é necessário que todas as redes municipais de educação avaliem, conforme o protocolo sanitário local, a possibilidade e a viabilidade da oferta de atividades de maneira presencial ou híbrida. "A Undime reitera o seu posicionamento para que cada rede municipal de educação possa decidir a melhor data, considerando a saúde, a segurança da comunidade escolar e a aprendizagem".

Acesse o relatório final da pesquisa em https://www.unicef.org/brazil/media/15181/file/pesquisa-undime-educacao-na-pandemia-quinta-onda.pdf