29/11/2016 14h52 - Atualizado em 29/11/2016 14h52

Deva Pascovicci que narrou pela Rádio Cultura e Antena 102 estava no avião que levava a Chapecoense

Abraçou o time', diz filha de jornalista que narrou 'milagre' da Chapecoense Deva Pascovicci, da Fox Sports, estava no avião que caiu na Colômbia.

 

Noite de quarta-feira, 2 de novembro, estádio Arena Condá, em Chapecó. Semifinal da Copa Sulamericana. De um lado, o San Lorenzo, da Argentina, tem uma cobrança de falta a seu favor para tentar conseguir o gol que colocaria o time na final. Do outro, a Chapecoense se aglomera na área para impedir que a bola entre. O resultado em 0 a 0 levaria a equipe de Santa Catarina pela primeira na sua história para a decisão de um torneio internacional. A bola é jogada na área e cai nos pés de um jogador argentino que chuta, mas Danilo faz uma defesa milagrosa. É o último lance do jogo. Logo depois o juiz apita e decreta aquela que seria a maior conquista da Chapecoense desde sua fundação, em 1973.

O narrador do canal Fox Sports "adotou" o time catarinense, que virou a sensação do campeonato graças ao bom futebol apresentado em campo. Ele era um dos 22 jornalistas que estavam no avião que transportava a delegação da Chapecoense até Medellín, na Colômbia, e que caiu minutos antes de pousar, matando ao menos 75 pessoas.

"Ele agarrou o time com muito amor. Os torcedores se envolveram com a narração dele e ele estava adorando fazer os jogos da Chapecoense", afirma a filha, Carolina de Oliveira.

O jornalista de 51 anos começou a carreira na cidade onde nasceu, Monte Aprazível, região noroeste do estado de São Paulo. Logo depois se transferiu para Rio Preto, onde trabalhou como locutor em rádios locais. Pascovicci, esteou como Narrador na Rádio Antena 102 FM e Rádio Cultura de Jales e se despontou na década de 90, narrando os jogos de basquetebol do IPE/Jales e do Clube Atlético Jalesense.

 

Deva passou por emissoras como a CBN, SportTV, PFC e estava na Fox Sports. Ele também é o diretor da rádio CBN Grandes Lagos.

Internautas comentaram a tragédia na última postagem que o narrador fez, na segunda-feira (28). O post é uma chamada para a transmissão da final da Copa Sulamericana, que aconteceria nesta quarta. "Um dos maiores comentaristas de esporte, um mito, descanse em paz, guerreiro. Força à família", escreveu um dos internautas.

“Descanse em paz, mestre. Sua voz jamais será esquecida. Obrigado por cada arrepio ao gritar gol. Estará pra sempre em nossas memórias”, escreveu Cleber De Souza Fernandes.

O internauta Márcio Antônio também lamentou o acidente e pediu força para a família. "Um dos maiores comentarista de esporte, um mito. Descanse em paz, guerreiro."

Em uma outra postagem, feita no dia 25 de novembro, Pascovicci colocou uma foto da camisa da Chapecoense com o nome dele, mostrando o carinho que tinha pelo clube.

Apesar da repercussão na internet, os órgãos oficiais da Colômbia não divulgaram o nome de nenhuma vítima fatal.

"Estamos desesperados em busca de informações. Minha mãe viu pela televisão e me acordou desesperada. Estamos esperando notícias porque não tem informações concretas e em busca de notícias. Isso é o pior, uma angústia enorme", diz Carolina.

Além de Pascovicci, também tinha ligação com a região de Rio Preto o jornalista Lilácio Pereira Junior, de 48 anos, os jogadores Sérgio Manoel e o lateral Mateus Lucena dos Santos, conhecido como Caramelo, de 22 anos, que nasceu em Clementina (SP).

O acidente
O avião que transportava a equipe da Chapecoense sofreu um acidente na Colômbia, por volta da 0h30min (horário de Brasília) desta terça-feira (29). O voo da companhia Lamia partiu de Guarulhos, em São Paulo, às 15h15min de segunda-feira (28) com destino ao aeroporto José María Córdova, em Medellín, na Colômbia.

A cerca de 30 quilômetros do destino, após uma escala em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, a aeronave com 81 pessoas caiu na localidade de Cerro Gordo no município de La Unión, no departamento de Antioquia, na Colômbia.

Segundo autoridades colombianas, há 76 mortos e cinco sobreviventes. O avião da companhia aérea Lamia decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com 81 pessoas a bordo: 72 passageiros e nove tripulantes.

O Aeroporto Internacional José Maria Cordova, de Medellín, informou que os sobreviventes são os jogadores Alan Ruschel e Follmann; o jornalista Rafael Henzel, da rádio Oeste Capital, de Chapecó; e a comissária Ximena Suarez. De acordo com o Bom Dia Brasil, o zagueiro Neto, da Chapecoense também sobreviveu.

Luciano Buligon, prefeito de Chapecó (SC), e Plinio Filho, do presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, deveriam estar no voo, mas não embarcaram.

(G1/Rio Preto - Marcos Lavezos e Geraldo Jr.)