02/02/2015 16h19 - Atualizado em 02/02/2015 16h19

EDITORIAL - Andando para trás

POR: Deonel Rosa Junior - Jornal de Jales

Andando para trás

Hoje, 1º de fevereiro, os deputados federais e senadores eleitos e reeleitos em 7 de outubro passado iniciam nova legislatura.
O noticiário da grande imprensa tem se concentrando preferencialmente na disputa pela presidência da Câmara Federal, com quatro postulantes - Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ).


No Senado, caso não ocorra nenhuma intercorrência, o notório Renan Calheiros (PMDB-AL) deverá ser reeleito.
Claro que saber quem vai comandar as casas legislativas federais é importante, mas para nós, da região de Jales, o buraco é mais embaixo. E preocupante.
O motivo da inquietação tem a ver com a questão da representatividade política. E, sob este aspecto, não dá para comemorar nada.


Antes de entrar na realidade que se avizinha vale lembrar uma pregação feita na região de Jales em 1982 pelo saudoso Roberto Rollemberg.
Para ele, uma região situada a 588 quilômetros de São Paulo e a 700 de Brasília, portanto bem distante dos centros decisórios, precisaria eleger pessoas que pudessem representá-la, fazendo uma política de aproximação entre os anseios e aspirações da população com aqueles que tinham a caneta na mão.
Por isso, ele colocava seu nome à disposição para a Câmara Federal da mesma forma que sugeria o nome do jovem prefeito de Santa Fé do Sul, Edinho Araujo, que renunciara ao cargo para poder ser candidato, à Assembléia Legislativa.


De tanto martelar nos comícios a idéia da representativa política, o eleitorado acreditou e elegeu, em 1982, tanto Rollemberg quanto Edinho, que renovaram os mandatos em 1986 e 90.


Mais tarde, outros políticos vinculados à região tiveram sucesso nas urnas como, por exemplo, Vadão Gomes, em 1990, reeleito mais quatro vezes. E assim por diante.


Para resumir a ópera, as perspectivas de representação no Parlamento Nacional não são nada animadoras, se comparadas com as eleições de 2010.
Naquele pleito, a região elegeu Rodrigo Garcia (DEM), Júlio Semeghini (PSDB), Edinho Araujo (PMDB), Vaz de Lima (PSDB) e João Dado (PDT). De quebra, elegeu dois petistas que também garimpavam votos por aqui-João Paulo Cunha e Devanir Ribeiro.
Pois bem, nas eleições do ano passado, o saldo foi negativo. A começar por Júlio Semeghini, que decidiu não disputar, e Vaz de Lima, que trocou Brasília por São Paulo, preferindo ser candidato a deputado estadual. Dado não foi reeleito. Sobre os petistas, João Paulo, acusado no mensalão, foi para a cadeia. E Devanir não se reelegeu.


Sobraram apenas Rodrigo Garcia, Edinho Araujo e o novato Fausto Pinato, do PRB, de Fernandópolis que, puxado pela votação de Celso Russomano, chegou lá, surpreendendo meio mundo. Só que Edinho foi nomeado ministro dos Portos e seu suplente na coligação, Walter Yoshi (PP), não tem nada a ver com a região.
Na prática, portanto, a região contará apenas com Rodrigo e Pinato.


Ou seja, em termos de representatividade política, regredimos no tempo...