23/02/2016 17h23 - Atualizado em 23/02/2016 17h26

Editorial - Malucos ou idealistas?

(por Deonel Rosa Junior - Jornal de Jales)

Há quatro meses, por volta de novembro de 2015, o ex-prefeito Humberto Parini (PT) surpreendeu os ouvintes da Rádio Assunção AM ao afirmar que quem estivesse disposto a se candidatar ao cargo de prefeito deveria, antes, se submeter a um exame de sanidade mental.
Para Parini, só um maluco pode ter vontade de se aventurar na disputa pela prefeitura, dado o festival de problemas que arrumará para sua vida, principalmente se eleito for.
Na verdade, o ex-prefeito tem todos os motivos do mundo para falar o que falou, eis que ele deixou o comando da municipalidade jalesense em 31 de dezembro de 2012, mas continua às voltas com ações acumuladas ao longo de oito anos de mandato e de outros processos novos que só pipocaram agora.
Na sexta-feira, dia 12 de fevereiro, em pronunciamento feito na solenidade de posse da nova diretoria da Santa Casa, o atual prefeito Pedro Manoel Callado Moraes (PSDB), emitiu mais um sinal de que talvez não seja candidato à reeleição.
Em sua fala, Callado lamentou que, enquanto dirigentes de instituições filantrópicas, como a Santa Casa, são amados pelo povo, os prefeitos têm enorme dificuldade em se fazer credores do respeito dos munícipes.
Na mesma noite, discursando no evento, o deputado federal Edinho Araujo (PMDB), declarou que conhece um grande número de prefeitos que não querem nem saber de disputar a reeleição exatamente porque não estão dispostos a passar o período pós-poder tendo que ficar entrando e saindo de fóruns.
Como Edinho ostenta um invejável currículo — um mandato de prefeito de Santa Fé do Sul, três de deputado estadual, dois de prefeito de São José do Rio Preto , três de deputado federal e, recentemente de ministro de Estado— portanto, em contato direto com gestores municipais, evidentemente tem toda a autoridade para se pronunciar daquela forma.
Pois bem, na última segunda-feira, dia 15 de fevereiro, a jornalista Mônica Bergamo publicou em sua página na Folha de S. Paulo uma estatística que confirma o que Parini, Callado e Edinho disseram: ser prefeito, hoje, é atividade de alto risco.
Segundo os números divulgados, de cada dez municípios de São Paulo, quatro tiveram seus prefeitos condenados por improbidade em um ano. O levantamento é do “Anuário da Justiça São Paulo”, que analisou 402 apelações julgadas no mérito pelo Tribunal de Justiça do Estado, entre novembro de 2014 e outubro de 2015. Foram 266 condenações de prefeitos e ex-prefeitos.
A maioria (66%) das ações terminou com a condenação do acusado. Nos casos de absolvição (34%), a falta de provas ou a ausência de dolo na irregularidade foram as principais justificativas nas decisões do tribunal.
Diante de um quadro tão pouco favorável, a pergunta é inevitável: por que tantos jalesenses se apresentam como pré-candidatos a prefeito?
Vontade de servir à cidade ou gosto de flertar com o perigo?

 

(por Deonel Rosa Junior – Jornal de Jales)