29/03/2020 18h08 - Atualizado em 29/03/2020 18h08

Editorial - O vírus e a urna - Por Deonel Rosa Junior - Jornal de Jales

4 de abril, expira o prazo para que os interessados em disputar as eleições mudem de partido. Prazo para desincompatibilização também terá início.

Em meio ao choque causado pelo coronavírus sob a forma de pandemia em nível mundial, muita gente se esqueceu de que a semana que começa é fundamental para o calendário das eleições municipais agendadas para o dia 4 de outubro.

No próximo sábado, 4 de abril, expira o prazo para que os interessados em disputar as eleições, principalmente os detentores de mandatos como prefeitos e vereadores, mudem de partido.


Salvo melhor juízo, não se percebeu, em nível local ou regional, o tradicional mexe-mexe partidário, uma das características marcantes que precedem as convenções municipais, eis que quem mudou de partido já o fizera muito antes do prazo fatal.

Em compensação, cresce cada vez o ruído em torno de algo muito mais relevante pontuada por uma pergunta que não quer calar: afinal de contas, vai ter eleição municipal em 2020?

O primeiro a levantar esta questão foi o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estrela em ascensão no governo federal que, noves fora a escorregada que deu na última quarta-feira, dia 25, ao ser pouco assertivo em relação ao isolamento social tão combatido pelo presidente Jair Bolsonaro, vem conduzindo com serenidade a força-tarefa de contenção do Covid 19.


Médico de formação, mas deputado federal com dois mandatos no currículo, portanto conhecedor do mundo real, o ministro, em encontro com prefeitos, sugeriu a eles que pensassem na dificuldade que será combater o vírus e, ao mesmo tempo, fazer campanha.


A fala de Mandetta não teve boa receptividade em alguns setores influentes. Por exemplo, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral nos próximos dias, instado por jornalistas, bateu na tecla de era preciso respeitar o calendário.


Já o sempre centrado deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, desconversou, alegando que ainda é cedo para pensar no assunto.


Pois bem, a jornalista Rosângela Bittar, colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, lembrou que o assunto vai comportar muita discussão porque a estimativa é de que haverá 470 mil candidatos concorrendo às 5.560 prefeituras e 57 mil cadeiras de vereador.


Mais um número que não pode ser ignorado: cerca de 80% dos 5.560 municípios têm até 20 mil eleitores. Todos sabem que em tais localidades não se faz campanha sem reuniões, aglomerações e corpo-a-corpo.


Resumo da ópera: muita água ainda vai rolar debaixo da ponte até que os cabeças coroados lá de cima decidam se vai ou não vai haver eleições municipais em 2020.

Deonel Rosa Junior - Editor chefe do Jornal de Jales - Publicado na Edição de 29/3/2020