25/04/2016 14h38 - Atualizado em 25/04/2016 14h38

Editorial: O sonho não acabou

Por Deonel Rosa Junior - Jornal de Jales

Se o clima entre os eleitores e simpatizantes do PT é de choro e ranger de dentes diante da acachapante goleada imposta pela maioria da Câmara Federal, dia 17 de abril, votando sim pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff —367 a 137— há alguns aspectos que devem ser ponderados a partir daquele resultado.
Passados sete dias, a pergunta é: como será o país caso o Senado julgue o mérito do processo e afaste Dilma Rousseff, o que implicará na posse do vice-presidente Michel Temer?
Qualquer pessoa minimamente informada sabe que o caminho de Temer não será de flores. Ao contrário, se quiser consertar o país, ele terá que tomar medidas duras que, muito provavelmente, gerarão insatisfações.
Entretanto, em relação à parte que nos toca, isto é, à realidade de Jales, a possível posse de Michel Temer renova as esperanças de que, finalmente, saia do papel a maior aspiração das lideranças locais —a instalação de um campus de universidade federal.
Vale lembrar que foi a pedido de Michel Temer, verbalizado pelo jalesense Jarbas Zuri Junior, membro da Comissão Executiva Estadual do PMDB, que a diretoria do Jales Clube cedeu a sede social e todas as demais instalações para a realização de duas concentrações eleitorais em favor da chapa Dilma-Temer, uma em 2010 e outra em 2014.
O detalhe é que, na campanha da reeleição, em 2014, Clóvis Pereira, presidente do Jales Clube, só concordou em ceder o clube se lhe fosse dada a oportunidade de um encontro à parte com Dilma.
O objetivo era, como de fato foi, absolutamente ousado e inovador —oferecer à presidente da República o espaço físico que fosse necessário para a instalação de um campus de universidade federal em Jales.
Temer não somente concordou com as condições impostas por Clóvis como tomou a si a função de padrinho da reivindicação, empolgado com o espírito público demonstrado pelo presidente do Jales Clube, que ia na contramão de todos os que querem se aproximar de um presidente da República, geralmente para pedir alguma coisa. Jales estava oferecendo.
Encerrados os discursos, Temer cumpriu a palavra e colocou /Clóvis frente a frente com a presidente da República para fazer a proposta. Como testemunhas do encontro, somente Dirce de Freitas Pereira, esposa do presidente do clube, e o jornalista Deonel Rosa Junior, diretor deste jornal.
Ao lado de Dilma, o vice-presidente Temer, o prefeito de São Bermardo do Campo. Luís Marinho, coordenador da campanha no Estado de São Paulo, e uma ajudante de ordens da presidente.
A proposta de Clóvis foi entregue à Dilma. Depois daquele dia 31 de agosto, a diretoria do Jales Clube só recebeu uma correspondência do Gabinete Pessoal da Presidência da República comunicando que o documento tinha sido encaminhado ao Ministério da Educação e mais nada.
Após o encontro em Jales, Michel Temer ligou para o escritório de Clóvis agradecendo-o pela gentileza da cessão do clube, manifestando também a esperança de que a cúpula do governo desse sinal verde para a reivindicação.
Espera-se que dentro de alguns dias, sentado na cadeira presidencial, como tudo leva a crer, Michel Temer torne realidade aquilo que os jalesenses sonham todos os dias.