08/07/2018 20h13 - Atualizado em 08/07/2018 20h17

Entendendo o "9 de Julho" - Ivan César Belentani, Capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Orgulho dos paulistas, a Revolução de 1932 jamais deverá ser esquecida!

O dia 9 de julho se tornou feriado no Estado de São Paulo no ano 1997, por força da Lei 9.497, promulgada pelo então Governador Mário Covas. Entretanto, muitos cidadãos paulistas desconhecem o que é comemorado nesse dia.

O dia 9 de julho é considerado a data magna de nosso Estado, ocasião em que se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932.

Pois bem. Vamos entender de forma simples o que aconteceu e porque essa data é tão importante para o Estado de São Paulo.

Em 1930 Getúlio Vargas, que era gaúcho, assumiu o poder da nação, depondo o então presidente Washington Luis e impedindo que Júlio Prestes, paulista, assumisse o governo.

Vargas destituiu o congresso e retirou poderes dos Estados.

Muitos paulistas acreditavam que Getúlio convocaria uma assembleia constituinte e eleições presidenciais, fatos que não ocorreram, gerando revolta no Estado.

Na busca de um regime constitucional e com apoio de comerciantes, profissionais liberais, maçons e estudantes universitários, em 23 de maio de 1932 ocorreu um grande ato político na cidade de São Paulo pedindo a realização de eleições.

Os estudantes Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antonio Camargo de Andrade, que participavam do ato, foram mortos durante tentativa de invasão a um local que se concentravam apoiadores do regime de Getúlio Vargas.

Surge aí a sigla M.M.D.C., referente à forma como os estudantes eram conhecidos – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde acrescentou-se a letra A ao final da sigla, referente ao jovem Alvarenga, também morto no conflito.

Surge também a partir daí, já no dia 9 de julho, uma grande revolta armada, na qual os paulistas exigiam a saída de Vargas do poder, a realização de eleições e a elaboração de uma nova Constituição.

Utilizando os meios de comunicação existentes na época – rádios e jornais – foram mobilizados mais de 200 mil voluntários, dos quais cerca de 60 mil atuariam em combate.

As tropas paulistas, incluindo-se o efetivo da então Força Pública, atual Polícia Militar – que participou com cerca 10 mil combatentes, 4 aviões, 5 trens blindados e diversos veículos também blindados – imaginavam que poderiam contar também com o apoio de militares mineiros, mato-grossenses e gaúchos, mas o apoio não chegou.

Cerca de 100 mil soldados aliados do governo federal partiram para o enfrentamento com os paulistas.

Após quase 90 dias de intenso combate e cercadas por tropas federais, as tropas paulistas, com necessidades de alimentação e armamento, se renderam ao governo federal.

Batalha perdida em campo e vencida na política. Vitoria moral para os paulistas.

Embora dados não oficiais indiquem a morte de cerca 2 mil soldados paulistas, o objetivo seria alcançado, já que em 1934 ocorreria a promulgação de uma nova Constituição, que ficaria em vigor até 1937, quando Vargas fechou o Congresso Nacional, cassando a nova Constituição.

Vargas ficou no poder até 1945, quando foi finalmente deposto.

Em homenagem aos paulistas mortos na revolução, foi construído no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32. Maior monumento de São Paulo, com 72 metros de altura, abriga os restos mortais de mais de 700 combatentes, com destaque especial para Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (M.M.D.C.).

Entre várias inscrições existentes no monumento, a que mais se destaca é a constante de sua base:

"Viveram pouco para morrer bem,

morreram jovens para viver sempre."

Orgulho dos paulistas, a Revolução de 1932 jamais deverá ser esquecida, como forma de honrar a memória daqueles que lutaram e deram suas vidas por um Brasil mais justo e perfeito.