06/08/2018 09h07 - Atualizado em 06/08/2018 09h07

Jales / Ex-tesoureira confessa crimes e que tinha facilidades para operar sistema e cometer desvios

Delegado da Polícia Federal de Jales, foi entrevistado pela Rádio Antena 102 e falou dos desdobramento da Operação "Farra do Tesouro"

O Delegado de Polícia Federal da Cidade de Jales, Cristiano Pádua da Silva, foi entrevistado pelo programa jornalístico da Rádio Antena 102 FM para comentar os desdobramentos da Operação “Farra no Tesouro” que prendeu a ex-tesoureira da Prefeitura de Jales, além do Marido, a irmã e o cunhado. Na data da deflagração da Operação a atual secretaria da Saúde Maria Aparecida fora presa, porém, sua prisão foi relaxada e responderá as investigações em liberdade.

Aos apresentandores João Luis Garcia e Claudinei Antonio, o delegado confirmou durante a entrevista que a ex-secretaria, que antecedeu Maria Aparecida, também já foi indiciada e está sendo investigada pela Polícia Federal. O nome dela não foi mencionado pelo delegado.

O delegado não mencionou nomes de todos os investigados, durante a entrevista, mas fez alusão ao nome da atual Secretaria de Saúde Maria Aparecida (foi exonerada), que segundo ele durante interrogatório, não vislumbrou que ela teria sido beneficiária dos crimes praticados pela ex-tesoureira.

Maria Aparecida teve a prisão relaxada, a pedido do próprio delegado da PF de Jales, mas será indiciada pelo crime de “peculato Culposo”, ou seja, sem a intenção de cometê-lo.

Doutor Cristiano iniciou a entrevista afirmando que o sucesso da Operação que, a princípio apresentou desfalques nos cofres públicos superior aos R$5 milhões contou com a dedicação total de todos os servidores da Polícia Federal, e o apoio das demais instituições de segurança pública (Polícia Civil, Militar e Polícia Rodoviária), do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Mais uma vez o delegado demonstrou perplexidade quanto a falta de fiscalização da atuação da ex-tesoureira, pois os valores até agora desviados são muito alto (acima R$5 milhões) e práticos há muitos anos e “ninguém se apercebeu disso?”, comentou o delegado.

Segundo os primeiros cálculos da investigação, a ex-tesoureira desviava em média R$100 mil a R$140 mil por mês, e é difícil acreditar que estes valores não estavam fazendo falta ao orçamento mento municipal, “isso que é revoltante”, disse o chefe da investigação da “Operação Farra no Tesouro”.

“ Polícia Federal está fazendo uma investigação zelosa para recuperar o máximo de recursos públicos desviados, e por isso fizemos a apreensão veículos, lacramos as lojas de Jales e Santa Fé do Sul, imóveis da família e vamos solicitar ao Poder Judiciário a antecipação de um Leilão dos respectivos bens para que sejam devolvidos aos cofres públicos”, informou o doutor Cristiano, ao mesmo tempo ele também dificuldades em recuperar o total dos valores desviados pelos investigados.

Em relação aos direitos trabalhistas dos funcionários das empresas dos investigados, o delegado também disse que estes estão na lista de prioridades, mas que a Justiça do Trabalho que deverá se encarregar de preservar os direitos dos mesmos.

Cristiano Pádua da Silva disse que a ex-tesoureira confessou todos os crimes, e alegou durante o interrogatório que a facilidade do sistema a levou iniciar o crime, que começou desviando pequenas quantias mensais, até chegar a média de R$100 mil os saques das contas públicas da Prefeitura de Jales.

O delegado mais uma vez mostrou perplexidade ao observar que toda a ação da ex-servidora não era auditada pelos superiores, que segundo ele, não seguia os caminhos normais da utilização do dinheiro público: solicitação do recurso, autorização dos superiores, efetivação do empenho e a respectiva prestação de contas do recurso autorizado.

Outra facilidade em favor da servidores, verificada durante as investigações e que ela tinha acesso a todas as assinaturas digitas das diversas contas da Prefeitura e podia movimentá-las como bem pretendia.

Nas próximas fases da investigação, os agentes irão buscar informações desde o início da função da ex-tesoureira para então levantar o valor real dos desvios. Ela iniciou na prefeitura no ano de 2005, segundo já fora divulgado.

Os parentes que estão presos e segundo as investigações estava se beneficiando dos crimes, como realizando festas, ostentando veículos, adquirindo imóveis, negaram ter conhecimento da ação da ex-tesoureira, mas ao que indica as investigações elas eram beneficiárias do esquema da ex-servidora da prefeitura que está presa em uma cadeia da região.

Próximas fases da investigação

Agora a Polícia Federal irá solicitar a quebra de sigilo bancários da ex-tesoureira, da irmã, do cunhado e do marido para descobrir os caminhos dos recursos desviados da prefeitura e seus beneficiados. As contas das empresas da ex-tesoureira também serão investigadas para chegar ao valor real desviado durante a ação da ex-servidora municipal. Ela não era funcionária efetiva e ocupava um cargo em comissão.

No início de 2018 ela deixou o cargo de tesoureiro, por recomendação do MP e o Prefeito criou o cargo de Diretora Financeira para que ela continuasse trabalhando na prefeitura, mas mesmo assim ocupando o mesmo cargo: Tesoureira.

Prefeitura

O delegado Cristiano, da Polícia Federal de Jales, também salientou que solicitou ao chefe do executivo, Flávio Prandi Franco, que liberasse os funcionários da prefeitura que estão intimados para prestar esclarecimentos à investigação, e que prontamente foi atendimento e fossem autorizadas as diligências à alguns setores e sistemas que serão averiguados nas próximas fases da investigação.

O delegado disse de acordo com o andamento das investigações, se forem necessários, ex-servidores da prefeitura que trabalharam com a ex-tesoureira poderão ser interrogados, e indiciados se for o caso.

O delegado ao encerrar a entrevista pediu calma à população, e que toda investigação será zelosa para recuperar ao máximo dos recursos desviados dos cofres municipais que atingiram diretamente a Saúde, a Educação, Merenda Escolar, Transporte e até mesmo a infraestrutura da cidade que apresenta deficiências. “Não podemos afirmar o prazo para encerramento do inquérito, mas trabalharemos com dedicação para que o rombo cometido nas contas públicas seja ressarcido”, e agradeceu as manifestações de apoio recebidos pela população e das demais autoridades do município na deflagração da “Operação Farra no Tesouro”.

A Operação

A Polícia Federal deflagrou no dia 31 de julho, a Operação “Farra no Tesouro”, que investiga suspeita de desvios superiores a cinco milhões de reais dos cofres da Prefeitura Municipal de Jales/SP. Cinquenta policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão temporária e treze mandados de busca e apreensão expedidos pela 5ª Vara da Justiça Estadual de Jales, com parecer favorável do Ministério Público Estadual. Familiares da servidora (marido, irmã e cunhado).

As investigações da PF começaram no início deste ano, a partir de informações recebidas pelo núcleo de inteligência da PF, que relataram uma verdadeira “farra” que estava ocorrendo nas contas da Prefeitura Municipal de Jales há vários anos. E.C.C.O., 34 anos, tesoureira da Prefeitura de Jales seria a mentora dos desvios. Ela foi contratada em 2005 (à época com 21 anos) para trabalhar na Prefeitura de Jales, onde trabalhava até a presente data, sem concurso público. Ela e parte de sua família seriam os principais beneficiários dos recursos desviados neste rombo milionário.

Estimativas iniciais indicam que a tesoureira do município pode ter desviado cifra superior a cinco milhões de reais durante o tempo em que trabalha na Prefeitura de Jales. Somente nos últimos dois anos, ela teria desviado aproximadamente dois milhões de reais.