20/01/2020 09h29 - Atualizado em 20/01/2020 10h17

PADRE EDUARDO LIMA: "Foi muito compensador conseguirmos fazer o que nos levou até a Amazônia"

Missão Humanitária Univida conclui 2ª Edição na Amazônia.

O presidente da Univida, padre Eduardo Lima, foi entrevistado pelo Jornal de Jales na edição da semana passada, e ele contou como foi a realização da 2ª Missão na Amazônia.

(com Jornal de Jales)

Pela segunda vez a Univida realizou uma missão na Amazônia levando 93 pessoas entre estudantes de 29 instituições universitárias de todo o país, além de profissionais da saúde e outras áreas e professores para o atendimento a algumas aldeias e que desta vez incluiu uma comunidade quilombola. Atendendo pedido de uma liderança indígena houve ainda  uma palestra dos agrônomos presentes, considerado mais um momento importante de troca de experiências.

No final da missão, quarta-feira, dia 15 de janeiro o presidente da Univida, Padre Eduardo Lima, de Urânia, falou ao Jornal de Jales desses momentos e de outro menos agradável que foi um surto de diarreia e vômito que atingiu parte dos voluntários e que foi tratado pela própria equipe.

Na sua avaliação, tudo isso contribuiu para que a Univida ganhasse mais experiência para enfrentar a próxima missão que deverá acontecer em julho junto aos indígenas de uma aldeia em Dourados (MS) onde já foram realizadas outras visitas. Uma missão urbana também poderá ser incluída na programação deste ano. (Luiz Ramires)

 

J.J. - Como o senhor resumiria essa nova missão no Amazonas?

Padre Eduardo - A 2ª Missão Univida Amazônia foi um grande aprendizado para todos os envolvidos, mas de modo muito profundo e modificador para a Univida. Enfrentamos problemas com um surto de diarréia e vômito que acometeu vários voluntários. Situação que foi tratada pela própria equipe, enfermeiras e médicos e com interrupção da viagem em Barreirinha, para que tivessem atendimento no pronto socorro local. Também antecipamos o final da missão em 24 horas para que aqueles que ainda estivessem doentes ter acesso à saúde de modo mais eficiente. A Univida manteve as famílias devidamente atualizadas sobre todos os acontecimentos, inclusive sobre esta intercorrência. Em breve, reuniremos a equipe Univida, composta também por vários profissionais de saúde para baseados nesta experiência tomarmos providências necessárias para a prevenção e controle de patologias desta ordem e assim estarmos preparados para o enfrentamento de situações similares ou de outra ordem, que requeiram prontidão. A maneira como o grupo se portou frente à adversidade mostrou coesão e espírito de fraternidade, importantes para o trabalho missionário. 

 

J.J. - Os objetivos da missão foram alcançados?

Padre Eduardo - Aprendemos todos, superamos e pudemos concretizar os objetivos da missão que era levar atenção à saúde e ações diversas para contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos indígenas de algumas aldeias sateré maué e da comunidade quilombola Santa Tereza do Matupiri. O número de atendimentos superou a expectativa inicial da missão. Foram centenas de consultas médicas e atuações da enfermagem e da psicologia. A odontologia executou procedimentos educativos, preventivos, restauradores e cirúrgicos em todas as faixas etárias, incluindo os bebês. A pedido da liderança indígena houve uma palestra dos agrônomos presentes na missão, um momento importante de troca de experiências. Foi muito compensador conseguirmos fazer o que nos levou até a Amazônia. 

 

J.J. - No que essa missão difere da anterior no Amazonas?

Padre Eduardo - A 1ª Missão Univida Amazônia teve seus próprios obstáculos a vencer: tudo era novidade, éramos desconhecidos, os indígenas não nos aguardavam, como aconteceu em Dourados e éramos em 45 voluntários. Nesta segunda edição, estávamos bem melhor preparados para desenvolver nossas ações. Fiz uma visita prévia, em outubro, para organizar o cronograma e os locais de atendimentos. Fechamos parceria com a Prefeitura de Barreirinha que nos indicou um guia indígena e disponibilizou voadeiras (barcos pequenos, a motor, que adentram os Igarapés onde o nosso barco não chegava). O número de voluntários subiu para 93, equipe composta por muitos profissionais da saúde, professores e universitários representando 29 instituições de ensino superior. Locamos um barco para que fosse meio de transporte e alojamento. Contratamos com uma equipe para preparar todas as refeições que incluíam comidas regionais, muitas frutas e variado cardápio. 

 

J.J. - Houve mais alguma novidade, desta vez?

Padre Eduardo - Acredito que uma novidade foi a inclusão da comunidade quilombola em nosso roteiro, que foi importantíssimo, devido ao isolamento em que vivem e a ausência local de acesso à saúde. E um diferencial é que desta vez estávamos sendo aguardados. Na aldeia Ponta Alegre fomos recebidos com uma refeição matinal de comidas típicas e prepararam especialmente para que assistíssemos uma cerimônia indígena - o ritual da tucandeira. Em uma retrospectiva, há muito que agradecermos a Deus. 

 

J.J. - Foi no mesmo local da primeira missão amazônica?

Padre Eduardo - A 2ª Missão Univida Amazônia realizou-se na mesma região da edição anterior, no Baixo Amazonas, área banhada pelo Rio Andirá, terra indígena Sateré Maué, porém os atendimentos incluíram outras aldeias que não foram visitadas em 2019: aldeias Simão e Molongotuba, além da Aldeia Ponta Alegre que já conhecíamos. Também visitamos pequenas comunidades circunvizinhas e estendemos nossa presença até a comunidade quilombola Santa Tereza do Matupiri. 

J.J. - Como os indígenas receberam a missão?

Padre Eduardo - Este ano, com o conhecimento prévio do cronograma, os indígenas sateré maué das aldeias que visitamos já nos aguardavam. E como já conheciam a Univida, ficou estabelecido um elo de confiança em nosso trabalho, o que garantiu acolhida generosa. 

 

J.J. - Que tipo de assistência a missão prestou?

Padre Eduardo - Especialmente tratamentos diversos na área da saúde. Centenas de atendimentos, desde consultas, distribuição de medicamentos, prescrições, curativos, educação para saúde, prevenção, escovação supervisionada, aplicação de flúor, restaurações atraumáticas, exodontias, aconselhamentos psicológicos, ações pedagógicas, palestras sobre questões relacionadas à agronomia e registros jornalísticos e fotográficos da região e do trabalho. 

 

J.J. - Qual a próxima missão Univida?

Padre Eduardo - A próxima missão programada será a 10ª Missão Univida em Dourados, em julho de 2020. Mas pode ser que organizemos uma urbana neste meio tempo.