08/07/2020 18h51 - Atualizado em 08/07/2020 18h55

Padre Lorenzo e um pouco de sua Família - 50 Anos de Ordenação Sacerdotal

...e a segunda parte de sua evangelização em Palmas

Continuamos contando e narrando (o próprio Pe. Lorenzo), os 50 anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Lorenzo Longhi da Paroquia "São João Batista" de Santa Fé do Sul, o Italiano que adotou o Brasil para evangelizar, e neste capítulo, voce vai conhecer também a família e a segunda parte de seu período de atuação no estao de Tocantins, em Palmas...

A minha família

Os meus pais dona Anna (Anita) e senhor Mario casaram no 1936 ( Maio?)

Um ano depois, em janeiro nascia Gino, em 1940 minha irmã Tiziana, e durante a guerra em 1942 meu irmão Pier Luigi, e em 1944 eu Lorenzo. Depois da guerra em 1947 nascia Renato e para surpresa da família em 1956 Luciano o caçulinha. Eu tive que cuidar de Luciano, recém nascido porque minha mãe não estava bem, afazeres em casa e dar toda atenção ao irmãozinho, era uma dureza!

A minha família morava num predinho precário (primeiro andar) em cima duma marcenaria. Casa pobre, húmida, (passava debaixo da casa água canalizada para o uso da mesma marcenaria). As famílias que moravam neste predinho eram muitas solidárias, afáveis, unidas em tudo, parecia uma verdadeira família, onde ninguém passava necessidade (atos dos apóstolos).

Em 1956 finalmente depois de muitas solicitações ao poder público, conseguimos uma casa popular, um apartamento no terceiro andar bem espaçoso para receber a minha família e o pai de minha mãe. ESTE APARTAMENTO DEPOIS DE 25 ANOS SE TORNARIA NOSSO!  E foi o que aconteceu de verdade.

Mesmo com as dificuldades de uma família pobre e humilde, sem muitas exigências (não sentíamos as necessidades) tudo se encaminhou dando certo e cada um foi seguindo no caminho da vida. Alguns se casaram e outros doaram a vida a Deus (eu e meu irmão Renato). Meu pai faleceu em maio de 1972 de embolia com 62 dois anos (aniversário dele 28 de dezembro). O irmão mais velho faleceu em 19 de fevereiro de 2001 (com 64 anos). Estava em Palmas, quando soube da morte dele depois de 15 dias, precisamente viajando no sertão.

Não se pode negar que a vida do missionário é assim, muitas vezes não consegue se despedir dos entes queridos, assim como também de minha mãe, que faleceu em 6 de maio do 2012 (estava aqui em Santa Fé do Sul).

Penso que seja suficiente, para ter uma ideia de minha família.

Palmas – Segunda Parte

Aos poucos a situação sócio-económica de Palmas e da região foi melhorando, com estruturas razoáveis para atender as necessidade da populção, na organização política , com um visual de cidade moderna .

A população foi aumentando consideravelmente, e os evangelicos que queriam fazer de Palmas a maior cidade evangélica da Ámerica Latina, tiveram que abaixar suas “asas”, porque os católicos não estavam mortos , aliás começaram a se organizar em muitas comunidades, e de conseguência  surgiram inúmeras paróquias com todas as estruturas pastorais.

Muitas congregações religiosas marcaram presença na região. Muitos padres vieram trazidos pelo arcebispo Dom Alberto, desta forma as necessidades pastorais estavam bem atendidas. Sendo assim, eu continuava o meu trabalho apostólico,  entregando várias paróquias, mas tomando conta sempre do meu amado sertão.

Quem ajudou a dar um rosto à paróquia de Taquaralto,  foi este grupo, onde é impossível não lembrar porque partindo do nada, realizamos uma boa família paroquial, pessoas como dona Valda, dona Lourdes, a minha secretária Hilária e família, dona Urbana, dona Custódio, dona Sueli, Leila, Leninha, José da farmácia, Senhor Rezende, Senhor Walter Borges, Jacinta, Maria Alice, Pastora, Marta Francisco, Santos, Aylton, Maria de Jesus, Lindalva , Michelle, e sobretudo Toinzinho e família. Com certeza devo ter esquecido outras pessoas, mas os que lembrei,  foram  missionários  que fortaleceram  a presença da Igreja nesta minha especial missão.

Ao longo destes anos, sempre veio uma turma de Jales pra organizar na minha paróquia semanas catequeticas, um ajuda que fortaleceu nossos laços com a diocese de Jales. Em 1998 veio em Taquaralto, enviado por Dom Demétrio, Deoclides, para fazer comigo uma experiência missionária, e para apurar a sua vocação. A presença dele foi valiosa , assumindo um trabalho árduo e difícil nas escolas,  e me acompanhando nas viagens apostólicas, marcando presença nos bairros. Foi uma boa convivência que o ajudou para ser acolhido de volta na diosese de Jales e ser ordenado padre no dia 14 de fevereiro de 1999.

Dom Demetrio marcou sua presença no ano 2000, precisamente no dia de nossa senhora Aparecida, padroeira da paróquia de Taquaralto. Na missa lembro que falou da minha volta patra a diocese de Jales a partir do início de 2003. Podem imaginar a reação do povo, não queria ouvir falar dessa decisão, momento sofrido, outra encruzilhada: voltar ou ficar, eis ai o dilema!

A verdade é que eu pessoalmente não desejava largar esta vida de missionário, este povo que desde o início aprendi a amar e a dar o melhor. Mais um pedaço do meu coração iria ficar por aí. O pessoal do sertão iria sentir a minha falta, Dona Branca, Senhor Benjamim (este homem, boa liderança poderia ser ordenado padre, mesmo casado).

Quantas recordações, quantas aventuras de dia e de noite neste deserto do Jalapão. Dificultades sim, mas encaradas com alegria, de coração aberto. Dom demetrio queria que voltasse para relatar minha experiência aos padres da diocese  nas paróquias. O bispo me propôs duas paróquias Palmeira d’oeste, ou Pereira Barreto. Por atender o desejo de Padre Valentim, aceitei Pereira Barreto, e assim, foi com profunda dor no coração que deixava Palmas no início mesmo de Janeiro de 2003.