22/06/2020 16h47 - Atualizado em 22/06/2020 16h55

"50 anos da Ordenação Sacerdotal do Padre Lorenzo Longhi

Os estudos, o período no seminário e a Ordenação em 28 de junho de 1970

O site informamais está apresentando a Biografia do Padre Lorenzo Longhi da Paróquia São João Batista de Santa Fé do Sul, que no próximo dia 28 de junho completa 50 anos de sua Ordenação Sacerdotal. Uma pesquisa feita junto ao pároco de Santa Fé do Sul, que nasceu no norte da Itália e se instalou no Brasil para levar a Palavra de Deus a Comunidade Católica. Acompanhe a narrativa do Pe. Lorenzo contanto mais uma eta de sua história.....(ilson colombo)

O convite para entrar no seminário

Olha falo a verdade, não estava a fim de estudar, não sentia nenhum desejo para isso, só queria trabalhar quanto antes.

Um certo dia meu vigário padre Giovanni, me chamou e fez uma pergunta meio estranha que me deixou inquieto: “Não gostaria de entrar no seminário?” E rapidamente respondi: “de jeito nenhum, não tenho vocação e sobretudo não quero estudar, não é a minha praia.” Aí o padre veio com esta proposta: “vamos fazer uma aposta, se você passar de ano nesta escola que escolheu, vai entrar no seminário”. Eu cai maduro, entrei na arapuca dele e aceitei!

A faca, porém, estava nas minhas mãos, tinha certeza que iria ganhar esta aposta: só não estudar!

O Primeiro trimestre foi um desastre, era previsível, segundo trimestre melhorei, mesmo não me aplicado, fui o terceiro promovido! Não era possível uma coisa dessa, não entendi! Fiquei sem palavras, desnorteado e perdido, mas no mesmo tempo, contente, porque vi que não estudando passava de ano, imagina estudando!?!

O seminário ficava em Como, sede da diocese, cidade bonita, histórica, na beira de um belíssimo lago. Fiquei 13 anos, fiz todos os estudos clássicos e teologia com bons professores. Não foi fácil para mim, minha mãe dizia sempre: “não consigo imaginar este menino preso no seminário, parece um pardal na gaiola!”.

Os estudos e a decisão de seguir em frente

A maior provação que testou a minha vocação foi no primeiro ano do Liceu, tinha uns 20 anos. Não estava saindo bem na escola, por isso os professores me reprovaram em seis matérias, uma carga pesada. Era uma maneira elegante para me dizer “desista, vai para casa, procura outro caminho, você não tem dons, talentos para ser sacerdote”. Aí mexeram com o meu orgulho, com as minhas emoções, me achando uma nulidade, reagi, e não desanimei, não renunciei, estudei o verão todinho e me apresentei no tempo da reparação.

Venci, passei de ano, e engoliram o sapo! Daquele dia para frente tudo foi mais fácil, chegando em teologia me superei de modo brilhante, fortalecendo a minha vocação e adquirindo uma força grande para seguir aquilo que Deus mais uma vez estava reservando para mim.

Do Curso de Teologia a Ordenação Sacerdotal – 28 de junho de 1970

Os anos de teologia foram maravilhosos, anos ricos da graça de Deus, anos que me ajudaram a entender o plano deu Deus e a vontade dele.

Neste tempo tive tempo de olhar para trás, fazer um balanço da caminhada, o que ocorreu, o porquê, questionamentos, o desígnio de Deus”:  meus pensamentos não são os vossos, meus planos também”.

Éramos 27 alunos na sexta-série, depois de 13 anos, apenas 3 concluíram o último ano de Teologia, somando posteriormente mais 3 alunos que herdamos ao longo do caminho.

Fui ordenado diácono no dezembro de 1969. Mas foi na manhã de 28 do mês de junho de 1970, na catedral de Como, que o bispo diocesano Dom Felice Bonomini nos ordenou sacerdotes, éramos 7. Momento rico de emoção e de fé, estava diante de um compromisso que iria envolver toda a minha vida, uma entrega total a Deus e a sua Igreja. Um ato de amor! “Eis-me Senhor, faça-se de mim segundo a vossa vontade”. “E´ preciso que ele cresça e eu diminua”. João 3, 30 “Para ser testemunha da bondade de Deus e do amor de Cristo “

Na linda e majestosa catedral estavam só os parentes dos ordenados, entre os quais também os meus. A cerimónia foi cumprida, mas rica de bênçãos de Deus! Pode-se imaginar o choro, a emoção dos nossos pais diante deste fato, de um filho doando a própria vida a Jesus e a sua Igreja para sempre. Quando saímos da catedral às 10 horas, cada novo sacerdote tinha o seu programa, comigo estava programada a primeira missa na minha cidade de Sóndrio  às 16 horas na Igreja matriz.

Fomos às pressas, nos dirigindo para a cidade, onde o povo estava esperando por mim. Meu Deus, quanta gente na praça da Igreja, e dentro no templo, olha, fiquei tão pequeno diante deste evento. Eu senti mergulhado nas minhas emoções, tudo me parecia irreal.