21/03/2016 11h21 - Atualizado em 21/03/2016 11h21

Esperança versus baixo astral

Por Deonel Rosa Junior - Jornal de Jales

Esperança versus baixo astral

Não será nada fácil a vida dos candidatos a cargos eletivos nas eleições municipais de outubro próximo. Pleiteantes a vagas na Prefeitura e na Câmara Municipal terão que fazer malabarismo verbal para sensibilizar o eleitorado. Esta é a leitura que se faz das gigantescas manifestações realizadas no país, no último domingo, 13 de março, quando milhões de pessoas botaram o bloco na rua pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, de sobremesa, atacando o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Segundo o Datafolha, foi a maior manifestação popular da história do Brasil, superando até mesmo o comício pelas Diretas-Já, em 1984. O atento leitor deste espaço haverá de perguntar: o que tem a ver o tamanho das manifestações de domingo com eventuais dificuldades que candidatos a prefeito e vereadores terão no período de campanha municipal? Olhando apenas na superfície, a resposta é óbvia: nada. Porém, um pequeno mergulho abaixo das águas mais rasas vai mostrar o contrário: tem tudo a ver. Reflitamos sobre o que aconteceu domingo na avenida Paulista. Embora a multidão estivesse esculachando Dilma, Lula e o PT, a oposição não tirou proveito algum. Pelo contrário, saiu no prejuízo. Como a mídia toda noticiou, ao chegarem ao local das manifestações, o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, foram hostilizados pelos manifestantes e chamados de “oportunistas”. Ou seja, o povo que foi à avenida protestar não queria saber de políticos. O mau humor das ruas bateu com resultados de uma pesquisa telefônica feita pelo Ibope Inteligência com10 mil eleitores do país perguntando em quem votariam para presidente. Segundo a Folha de S. Paulo noticiou, Aécio Neves ficou com 24%, Lula com 21% e Marina Silva com 18%. Surpreendentemente, o juiz Sérgio Moro, que nunca foi candidato nem a síndico de prédio, ficou com 9%. Mas, o pior resultado para os políticos foi o que constatou a referida pesquisa: a opção mais votada, com 25%, foi “nenhum deles” Por esta razão, quem quiser disputar votos em outubro precisa estar preparado para lidar com a má vontade da opinião pública, visivelmente descrente de políticos de forma geral. Como Jales não fica em Marte, é claro que o que acontece nos grandes centros também se reflete em cidades com até 50 mil habitantes. Por exemplo, no sábado, 12 de março, dois homens conversavam sobre política entre as bancas do Comboio. Foi quando um disse para o outro:”eu não vou votar em ninguém para prefeito. A não ser que o Caparroz ressuscite...” Por uma série de motivos, o povo jalesense está à beira da desilusão, o que vai obrigar os candidatos a calibrar o discurso no sentido de trocar o tom raivoso das críticas histéricas por uma mensagem de esperança no futuro próximo. Caso contrário, não chegarão a lugar nenhum.